“A JUSTIÇA E O SENTIMENTO DE VINGANÇA AOS OLHOS DE DEUS” (Homicídio Qualificado – “Fratricídio” e “Ocultação de cadáver”)

Dois jovens ainda em tenra idade, o mais velho lavrador o outro dedicado a criação do campo, de família humilde e tementes a Deus adoravam o criador e ofertavam o melhor do seu labor frutos do trabalho árduo castigo do pecado herdado dos seus pais.

E aconteceu que o mais velho mostrando-se ser também o mais fraco, deixou se levar pelo sentimento mesquinho do ciúmes e da inveja caminhos do pecado, e ignorando a advertência do criador, por puro capricho seu, decidiu ceifar a vida do irmão caçula por este agradar mais a Deus.

O crime causou grande alvoroço e comoção social, nunca se viu por aquelas bandas crime tão horrendo e banal, no pequeno vilarejo outra coisa não se falava se não a trágica ocorrência envolvendo  dois jovens irmãos descendentes de Adão.

A noticia rapidamente se espalhou atraindo gente de toda parte, especulavam as causas, as circunstancias, o local do crime e o que teria acontecido, mas ninguém sabia ao certo como aquela tragédia havia de fato ocorrido, porém comovidos, juravam vingar a morte daquele jovem assassinado cujo corpo jamais fora encontrado.

O Pai ficou arrasado, inconformado parecia não acreditar na tragédia que havia se abatido sobre o seu lar, mais buscava forças para consolar a pobre mãe, que ajoelhada aos pés do altar não parava de chorar, clamando a Deus perdão, julgando ser a morte do filho assassinado pelo irmão consequências do pecado que com o marido cometera no passado.

O réu sentindo-se ameaçado com o grande clamor do povo, temendo fosse sua vida ceifada pela multidão que o procurava, tratou logo de sair de casa fugindo pra terras distante onde pensava jamais ser encontrado.

Esqueceu-se porem, que aos olhos do criador nada se esconde antes todas as coisas são visíveis e estando ele amoitado não demorou muito tempo por Deus foi encontrado.

Com medo, sabendo ser Deus rei de Justiça, em estado de demência resolveu ignorar sua presença permanecendo escondido. – Onde esta teu irmão o que fizeste com ele questionou Deus, que foi logo retrucado pelo impetuoso homicida, que negava a todo tempo ser ele o autor do crime e o paradeiro do corpo do irmão desaparecido.

Misericordioso e bondoso tentou mais uma vez Deus obter do réu confissão, mesmo sabendo ser ele o culpado pela morte do irmão, talvez assim quem sabe notando estar ele arrependido conceder-lhe-ia o perdão.

– Que fizeste diga – me. insistiu Deus. – o sangue do teu irmão clama a mim desde a terra? E ante o silencio do réu, não vendo Deus arrependimento algum em seu coração, julgou ser ele culpado da morte do seu irmão. Assim, proferiu a sentença, amaldiçoando grandemente ele e sua descendência, o que produzisse na terra e toda obra de suas mãos.

O réu ainda meio sem jeito, inconformado com a sentença prolatada por Deus, parecia mesmo não compreender o mal que havia feito, e tomado pela insensatez e pelo furor, jurou a partir daquele momento afastar-se da presença do Criador.

Antes de virar as costas porém, julgando estar no seu direito, ainda questionou a Deus sobre seu feito, se o mal por ele praticado comparado com todo bem que fizera no passado, era tão grande que não pudesse ser perdoado.

Nada mais podia ser feito foi mantida a sentença, contudo o réu ainda insistente, fez um ultimo pedido a Deus implorando por clemencia, pois certamente sem sua presença, seria entregue a sorte e para sempre perseguido por aqueles que desejavam sua morte.

Deus então naquela hora imbuído do espirito de Justiça e temperança, ouvindo o clamor desde o céu, decidiu aditar a sentença, condenando antecipadamente por sete vezes todo aquele que com sede de vingança, buscassem tirar a vida do réu.

Essa história é fictícia e ilustra, o primeiro crime de homicídio qualificado (fratricídio) e ocultação de cadáver, que se tem noticia ocorrido depois da queda de Adão e Eva do Paraíso, envolvendo seus filhos Caim e Abel (Gênesis 4:2-26) e bem retrata o sentido pleno da justiça e o desejo sórdido da vingança.  A Justiça é sem duvida um instrumento de controle das relações do homem em uma sociedade civilizada, cujo conceito varia em relação ao espaço e ao tempo. O sentimento de buscar o justo está enraizado na própria criação humana, garantindo o equilíbrio da vida em comunidade.  Como forma de atingir esta Justiça, a sociedade busca uma maneira para suprir as falhas na atuação estatal, nasce assim o sentimento de vingança como forma de se alcançar a “Justiça com as próprias mãos”. Entretanto, percebe-se que essa visão de justiça foi deturpada com os constantes casos de injustiças que ocorrem na vida em Sociedade, a vingança tem, na verdade, efeitos contrários a Justiça, e é abominável também aos olhos de Deus.